quinta-feira, 7 de abril de 2011

Ela tinha olhos negros da cor da noite, olhos tão negros que ninguém se atrevia a olhar dentro deles com medo de serem engolidos. Cabelos da cor do sol, embora sendo inteira escuridão. Ela não tinha nome, ao nascer foi esquecida pelo mundo do qual foi obrigada a se habituar. Tão pouco se importava com isso, afinal,o que é um nome ? Ela tinha consciência que nascera sozinha e seu destino já estava predestinado : Por linhas tortas caminhar com doce amargura.
Não tinha relógio,pois sempre soube que Ele viria pregar sua setença; também não tinha espelho, pois o espelho é o pai da inveja e a mãe dos narcisistas. Então sem relógio e sem espelho ela tinha todo tempo do mundo, e o gastava dançando punk rock de meias pela sala, pintando quadros de lugares nunca vistos, escrevendo cartas para si mesma e chorando um choro manso ao ler seus poemas imaginários.
Era 00:00 quando começou a garoar, e a garoa fina logo se transformou em chuva forte com vento e trovões e...A janela da sala quebrou deixando mil pedaços de vidro fazendo a garota se olhar no espelho pela primeira vez e percebendo que era impossível tentar fugir do tempo, pois Ele estava ali nesse exato momento pra lhe dar sua setença então aceitando seu infeliz destino ela foi engolida por seus enormes olhos negros.

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