domingo, 10 de abril de 2011

-Ne me quitte pas. -Acendi um cigarro, cheio de cereja era tão bom.
- Francês é clichê. - Foi uma provocação.
Levantei apenas uma sombracelha e me inclinei aproximando-me de seu rosto que fitava com os olhos incertos.
- A vida é clichê. - Traguei o cigarro. - Você é clichê, eu sou clichê.
Soltei a fumaça em seu rosto, seu nariz se irritou e por um segundo vi uma careta sua, só que ao invés de fugir apenas um sorriso irônico e que me derreteu por dentro surgiu.
- Outra vez. - Suas palavras eram tão pausadas e precisas, sua boca formava cada sílaba com firmeza. - Só que dessa vez, faça direito.
Traguei forte, as cinzas nas pontas do cigarro foram aparecendo, a morte descendo em meus pulmões e subindo sobre minha laringe.
- Melhorando. - Sua forma irônica foi agradável, sua boca se encostou-se à minha e ele puxou a fumaça, mantive os olhos firmes quando ele soltou a fumaça para o ar.
Perdi a vontade de fumar quando descobri que meu vício de verdade era encostar os lábios, então fiz de novo e dessa vez sem cigarros, nossas línguas dançavam e suas mãos largaram o violão puxando minha nuca, brincando com meus cabelos mortos

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