segunda-feira, 11 de abril de 2011

Solstício.

Poetas, ou apenas humanos, precursores de um poema sem rimas, do eu lírico falecido, dos corações desmantelados.

Mulheres, flores de março, fontes salgadas de uma poesia deixada, mórbida, dos versos abandonados.

E poucos sexos que se partem em tuas vozes, a desflorar as estrofes do epitáfio adormecido.

Vigor, furor, vulgaridade flácida dos contos acidentados. Prólogo seco, assexuado.

Resumo então a estas partes loucas fora da validade.

Partes concretas de um vaso partido, a rosa caída, defunta, oriunda de um além qualquer.

Somos iguais em gênero, número e grau nestas poucas essências a inibir nossa ficção.

Inibição? Despi-se. Fantasia sexual segura é desnuda. Gênero e grau excêntricos, autênticos. Distintos.

Destarte o teu acalento torna-se lúgubre, nesta ausência de pele com pele, de mente com mente.

Junção de vestes carnudas, desperta. A falta torna-se presente, a alma alenta, atenta a qualquer sinal de morbidez. Solidez, frígida.

Embebida de algumas caras e bocas na amnésia de seu amanhã. O que não virá tão sólido, tão sórdido, tão rígido a liquidez.

Desmancha-se e por fim vira pó. Pó de rostos, pó de faces, pó de uma cinza cafeísta. Não lhe há nada concreto que vale a intenção. Teus lábios soltos de arcada mandraca, estiveram lacrados cedo demais.

E sela-se o corpo em fragmentos partidários, corruptos a corroer suas estranhas, seu palpitante, suas quiméricas ilusões. Resta-se em nostalgia vulnerável, desmerecida por qualquer vestígio humano entre nossas polaridades incompatíveis.

Laço por traço se retrai. Tua seca indefinida, esfomeada, sedenta tal por extremos que renegam concepção. Mas colam-se. Difundem-se como a cor da água morna, logo fervente, logo salivante na garganta.

E onde ecoam as vozes? Calam-se em uníssono, refletem-se em um espelho a lhe circundar por vez ou outra e tornar teus poemas monólogos ínfimos. Inaudíveis.

Ironia saudosa ou sarcasmo moribundo? Pressente-se essa áurea uníssona, reflexiva, inapta a ouvidos alheios. Reflete-se no espelho a vaidade do sono. Sono. Falta-me. Sobra-me. Desfalece-me.

Pressuposto na inércia de cada herança perdida, torno-me inerte a este sepulcro habitual.

Foi-se um prólogo. Um renascido epitáfio, uma súbita concepção de termos enfáticos e ficciosos. Transadas as palavras, repartem-se num recomeço habitual.
O fim regenerado de uma rosa murcha, em metades de um vaso inteiro.
Espinhoso.

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