domingo, 10 de abril de 2011

- Tchau. – Ele disse me dando as chaves. – Me poupe de sentimentalismo e pegue suas coisas no porta-malas.
Sai do carro sentindo os pingos gelados congelar minha dor, era tão grande que estava anestesiado pelo meu próprio corpo que gemia a cada passo ao porta-malas tirando as malas e indo em direção lhe entregando as chaves novamente.
- Tchau. – Eu disse vendo o carro partir, ele ia tão devagar que não parecia em câmera lenta, aumentando cada vez mais meu sofrimento.
Meu sangue teve um súbito desespero de ficar sem vê-lo pela ultima vez com cara de decepção e como se brotasse algo frenético, e em minha mente ondas eletromagnéticas rondando e uma sobrecarga me atingiu, corri atrás do carro que acelerou aos poucos.
- ERIK NÃO! – Gritei pela primeira vez em anos, minha voz ecoou na rua silenciosa e por alguns milésimos de segundos imaginei que ele não pararia, mas, ele freiou fazendo um barulho alto.
Ele abriu a porta do carro e saiu, o céu que chorava despejou lagrimas sobre seu corpo e a chuva aumentou mais se tornando forte e dolorida sobre minha pele.
- O que você ainda quer? – Ele gritou enquanto o chiado da chuva tampava nossos ouvidos.
- Você quer realmente quer dar um ponto final em tudo isso? Para sempre? – Gritei.
- Eu nunca disse que queria! – Ele respondeu ofegante quanto eu.
- Então me promete uma coisa – Eu criei forças dentro de mim.
- Fala!
- Se o fim chegou, que seja um fim bonito. – Corri e o abracei com toda minha alma, e senti ser recíproco. Apertei cada vez mais seus ombros porque sabia que poderia ser o ultimo de nossos encontros e eu queria que fosse o melhor abraço. – Me dê tudo de si.
Nossos olhos se encontraram pela ultima vez, a água me atrapalhava e eu ainda insistia em arregalar os olhos e senti seus lábios molhados encontrarem os meus e seus braços me apertarem como se aperta um travesseiro e eu o segurar com todas minhas forças, ofegávamos com muita freqüência, mas, eu não parei beijando quase sem intervalos e cheio de intensidade, nossas roupas molhadas não importavam, estava derretendo por dentro e por fora de desejo de que aquele momento se eternizasse pelo resto de minha vida. Entramos no carro, trancamos as portas e na insanidade não nos importamos se alguém passasse no local e tivemos nossa ultima relação física, foi tão bom, eu fui mais selvagem que de costume, era cheio de cede, cheio de pimenta, cheio de garra e de açúcar nos eternizando entre aqueles bancos que me soavam perfeitos.

- Esse foi o fim? – Sorri.
- Foi. – Ele sorriu.

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